Censura de esquerda

«O governo regional de direita da Madeira é dono de um jornal? Crime terrível. Um secretário de Estado da direita troglodita promove censura a um livro de José Saramago? Crime terrível. Acusemos! De acordo. E se a censura for feita por uma dinâmica mulher de esquerda? A ExperimentaDesign, pressionada por uma multinacional do “imperialismo americano”, censurou na semana passada uma obra artística por incluir um vibrador sexual. Foi censura pura e simples, como referiu a artista, Catarina Pestana. Mas Guta Moura Guedes, a directora da bienal, inventou uma desculpa para tentar esconder o seu acto de censura servil a mando do “imperialismo americano”. Não houve escândalo, não houve artigos inflamados, não houve j’accuses!, não houve abaixo-assinados, não houve comentadores na TV castigando Guta e a bienal. Até a Coca-Cola se safou. Os intelectuais, comentadores e jornalistas do costume mantiveram-se em cúmplice silêncio. É censura de esquerda, é boa, é guta, é cultura. Podemos dormir descansados.»

(Eduardo Cintra Torres in Público 10/10/2009)

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